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Vida na Holanda

Depois de vos ter falado daqueles que para mim são os principais 5 motivos para viver na Holanda, é tempo de vos apresentar os 5 pontos negativos de viver na Holanda, tendo em conta, claro, a visão de um Português «Alentejanado» que não se cansa de estar sempre a comparar um campo de Chaparros com um vendaval de Moinhos.

Vamos directo aos pontos:

1- Clima

No primeiro dia que cheguei à Holanda, Outubro de 2014, presenciei algo que não estava à espera: Sol! Durante esse dia pensei que tivesse sido enganado uma vida inteira por todas as pessoas que já tinham estado aqui, por imagens televisivas e por meteorologistas. Pensei cá para mim: “Não… Isto afinal não passa de um Algarve com um nome diferente e um pouco mais a norte no mapa Mundi!”. Ok… estava enganado.

Nos dias seguintes não demorei muito a entender a realidade. Para nós portugueses isto ao início é complicado. Chegam a ser dias, semanas e meses sem ver um raio de sol. Frio, ventos fortes, chuva e, claro, a neve. Mas isso nem é o pior…

O problema é que na Holanda o clima tem personalidade e, o seu principal traço, é a imprevisibilidade. Neste momento pode estar um clima razoável, mas daqui a 5 minutos tudo pode ser diferente. O uso de aplicações móveis que actualizam informações meteorológicas em tempo real é obrigatório, embora às vezes elas também falhem o seu palpite.

Ah! Não se preocupem, isto só dói os primeiros meses. Depois ficamos aptos para passar umas férias em Portugal durante o inverno em calções e chinelos!

2- Comida

Para quem está habituado à melhor cozinha do mundo – A Portuguesa, é claro! – a adaptação à comida Holandesa pode não ser fácil.

Dizem que a Holanda não tem cozinha tradicional, não exageremos! Apesar da capital – Amesterdão – ter inúmeros restaurantes e comidas de todos os cantos do mundo devido à sua multiculturalidade, há coisas que valem a pena experimentar. Não poderei falar de todas, mas destaco o famoso Stamppot, uma mistura de puré de batata e legumes e as Stroopwafels, um género de biscoito com um recheio viciante de caramelo.

Stamppot
Stamppot

(Imagem retirada de: http://lekkerensimpel.com)

Stroopwafel
Stroopwafel

(Imagem retirada de: http://shespoised.com)

Bem, mas estou aqui para falar mal! Continuando…

Uma das coisas que mais condeno são os supermercados. Neles eu não encontro uma organização tão eficaz como nos de Portugal (organização holandesa a falhar, parece mentira não é?!). As minhas razões:

  • Não vejo uma assídua reposição de stock nas prateleiras;
  • Sendo este o país das sandes, e eu um Alentejano que aprecia bom pão, não encontro qualidade nesse sentido. A maioria do pão que está à venda é parecido com o nosso “Bimbo”. Existem melhores, mas são raros de encontrar e esgotam logo, demoram a repor ou sou eu que chego sempre tarde demais;
  • Na maioria dos supermercados não existe um talho nem uma peixaria. A carne fica embalada nas prateleiras. O peixe?! Há muito pouca variedade aqui. Peixe fresco está fora de questão, basicamente é só salmão e sim, também apenas embalado.

3- Casas

Nos 5 Motivos Para Viver Na Holanda afirmei que, apesar das casas / quartos serem muito caros comparativamente a outros países na Europa, até se conseguiam fazer por vezes bons negócios.

O problema é que o processo de procura de um sítio para morar é, na maioria das vezes, stressante e muito complicado. Ainda para mais nos primeiros tempos em que aqui chegamos e, tudo o que mais queremos, é ter tempo para tratar do que é novo e necessário para recomeçar a vida num novo país.

O mercado imobiliário move-se bastante rápido, há alguma burocracia e no primeiro mês de aluguer pedem muito dinheiro (meses avançados, depósitos, seguros, etc), e isso para quem cá acabou de chegar e está a começar a entrar na realidade financeira do país, é um verdadeiro ponto negativo.

O meu conselho para os que estiverem a pensar vir para cá: Arrendem qualquer sítio que não vos exija obrigatoriedades e que vos seja garantido apenas para os primeiros 2 meses. Esse tempo vai ajudar-vos a encontrar uma casa / quarto com calma e sem precipitações.

4- A língua

A língua oficial da Holanda é o holandês. Esta não é uma mistura de outras línguas mas, para facilitar a sua definição, podemos considerar que esteja entre o inglês e o alemão.

Uma vantagem é a possibilidade de «sobreviver melhor» a falar inglês aqui comparando com outros países cuja língua oficial também não é o inglês.

Mas existem áreas profissionais, na maioria aquelas que exigem contacto directo com o público, que exigem o conhecimento da língua holandesa. Neste caso, e para quem aqui acabou de chegar para trabalhar, é necessário dedicação para uma rápida aprendizagem do idioma.

Considero este um ponto negativo porque, para além desta ser uma língua por norma difícil de aprender, pode causar mais stress a quem acaba de chegar e tanto tem com que se preocupar.

5- Saudade

Deixado propositadamente para o fim, Saudade não é um ponto relacionado em específico com o facto de viver na Holanda. É algo bem português que não se traduz para outras línguas, apenas se sente.

Tenho afirmado noutros artigos deste Blog que sair da zona de conforto e viver outras culturas faz bem. Quem está a pensar tentar, aconselho a deixar de pensar, em vez disso – Tentem mesmo!

Muitas coisas boas vão estar à vossa espera no destino que escolherem mas, a Saudade vai lá estar para vos fazer lembrar que nem tudo é perfeito, nem tudo é um «mar de rosas».

Vão haver dias maus no meio de dias bons que vos vão deixar mais Saudades das nossas gentes, cultura, comida, clima, fado… isso vai ser certo! Mas lembrem-se que sair da zona de conforto não é andar em linha recta, é saber andar às curvas vencendo os nossos próprios medos e conquistando as nossas vontades.


Espero que tenham passado um bom tempo a ler este artigo. Deixem os vossos comentários aqui em baixo e sigam-me também nas redes sociais!

Até ao próximo post!

São cada vez mais os que saem de Portugal à procura de uma vida melhor. Uns por obrigação, outros “apenas” por valorização pessoal e profissional – e aqueles que seguem por ambos os «motivos».

Chega a hora de começar a planear um novo rumo, e começam a surgir inevitavelmente «motivos» para escolher aquele País ou o outro.

É aqui que eu entro em cena: a proposta é dar-te 5 motivos para viver na Holanda – não tendenciais, “claro”! 🙂 – que, pelo menos a mim, foram cruciais na hora de escolher em que aeroporto aterrar!

1 – Procura de emprego / Ambiente profissional

Comparando com outros países europeus, a Holanda tem uma taxa de desemprego muito baixa. O salário mínimo também tem números que em Portugal são bastante diferentes, ronda os 1.501,82€ mensais.

De uma forma geral existe uma grande oferta de emprego em todas as áreas, mas aquela que mais posso falar é IT (informática) pois é onde estou e faz parte do meu dia a dia. Se a tua área profissional é a mesma, então de um modo simples e curto só tenho um conselho: vale a pena vir morar para a Holanda.

Explico agora de um modo simples e mais longo, Amesterdão é um dos principais “pólos” de startups tecnológicas da Europa. Mais, e sem exagerar em nada, há diariamente um mar de oportunidades gigante à nossa volta.

Outro conselho: Ter um bom e actualizado LinkedIn em inglês para nos mostrarmos às grandes empresas daqui, é chave de ouro para começar (seja qual for a tua área profissional).

2 – O custo de vida

Vou ser polémico. Todos por certo já ouviram dizer que na Holanda o custo de vida é elevado. Sim é verdade, mas tendo em conta o salário médio holandês, pode vir a compensar e muito viver aqui.

O alojamento na Holanda é realmente caro. Amesterdão é a cidade mais cara e, fora a parte do dinheiro, é difícil de encontrar um quarto / apartamento disponível porque há muita procura para pouca oferta, uma vez que aqui as cidades são pequenas e a população está sempre a aumentar. No entanto, e com alguma paciência, é possível fazer bons negócios.
Um quarto em Amesterdão pode ficar entre os 400€ e os 700€ mensais, enquanto que um apartamento t1 / estúdio pode ficar entre os 800€ e os 1200€ mensais (isto considerando uma zona não central da cidade). A boa notícia é que, normalmente, estas contas já incluem TV + água + luz + gás + internet.

Ir ao restaurante também pode ficar caro. Num restaurante normal as refeições podem ficar entre 30€ a 40€ por pessoa. No entanto existem muitos e bons restaurantes entre os 5€ a 15€ por pessoa, e tantos desses que já encontrei por aqui!

Ir aos supermercados e fazer as compras normais para casa fica praticamente ao mesmo preço do que se fosse em Portugal. Inclusive já vi coisas mais baratas aqui.

Nada de assustador até agora, pois não?

3 – A tal «organização nórdica»

A história da «organização nórdica» foi das coisas que mais me chamou para cá. Transportes públicos, saúde, educação, sistema empresarial, cultura, a sociedade e os próprios holandeses têm um forte sentido organizacional. É por isso que as coisas aqui acontecem, não tenho qualquer dúvida nisso.

Cheguei a ver um amigo holandês a anotar na sua agenda uma ida ao café com 3 semanas de antecedência. Há sempre que fazer e, o mais curioso, é que tudo vai mesmo ficar feito.

Não tanto uma questão de organização, mas uma questão de personalidade: para um holandês dizer “sim” significa “sim”, dizer “não” significa “não”. Ir directo ao assunto e dizer o que se está a pensar é normal. Parece fácil de assimilar, mas acreditem que, se vierem para cá, vão entender que afinal um “mais ou menos” ou um “sim” que quer dizer “não” era típico de Portugal.

É, também para mim, uma aprendizagem diária. E espero um dia torná-la útil em solo português.

4 – Falar inglês é suficiente

A língua holandesa é difícil de aprender a curto prazo. No entanto cerca de 93% da população na Holanda fala fluentemente inglês.  Tanto num supermercado, no médico ou no trabalho, o inglês está sempre presente.

No entanto, e em caso de longa estadia na Holanda, é aconselhável aprender a falar holandês. O governo apoia – e muitas vezes oferece – cursos de iniciação ao holandês para estrangeiros a viverem cá. Os holandeses dão muito valor a quem se esforça por falar a língua deles, é normal… Em Portugal pensamos o mesmo dos imigrantes. Outra razão plausível para o fazermos é a oportunidade de enriquecer o nosso conhecimento de línguas e cultura (fica sempre bem).

5 – As bicicletas

Quando se fala na Holanda, uma das muitas coisas que nos passa pela cabeça é: bicicletas. Mas não é apenas uma “montra” para turista ver (na verdade essas montras são outras).

As bicicletas são o principal meio de transporte na Holanda. Muito por culpa de uma grande percentagem do País ser plano.

A qualidade das ciclovias é muito boa, as estradas e os passeios são espaçosos e permitem que todos circulem na sua mão.

A maior parte das cidades da Holanda estão preparadas para o uso diário da bicicleta. É perfeitamente normal ver crianças, adultos, idosos, mães a levarem os filhos à escola de bicicleta. Faz parte da cultura, faça chuva ou faça neve é sempre o meio de transporte mais utilizado.

Eu moro a cerca de 6 km do meu escritório, indo de bicicleta levo cerca de 15 minutos até lá. Os benefícios são claros: cerca de 12 km de exercício físico por dia e zero euros que “gasto” em transportes para trabalhar. Em que capital europeia podia fazer o mesmo?

Conclusão

Viver na Holanda tem sido uma experiência agradável e que recomendo. Às vezes é preciso virmos para fora para ganhar diferentes realidades e culturas, isso enriquece-nos.

Nem tudo é um mar de tulipas, isso é certo. Consultem aqui o artigo sobre os 5 Pontos Negativos De Viver Na Holanda.

Até ao próximo post!

 

Hoje acordei com a sensação de estar um ano mais novo. Esta é por si só uma boa notícia e, se assim fosse todos os dias, bem que podia ter sido o primeiro a alcançar a fórmula da vida eterna. Mas não é essa aborrecida notícia que vos venho dar.

Fez hoje exactamente um ano que começou a minha aventura na Holanda, um pequeno país que tal como Portugal fica à beira mar plantado. Ok, há aqui uma diferença e posso melhorar a frase anterior: Por aqui na Holanda (também conhecida como Países-Baixos) até isso tinha de ser diferente de Portugal: o mar é que se “planta” ao país.

Lembro-me que nesse dia, 12 de Outubro de 2014, deixei Lisboa numa manhã chuvosa e cheguei a Amesterdão com um lindo dia de sol. Sim, eu sei que custa a acreditar, mas pelo menos uma vez por ano isso costuma acontecer. Nesse dia fui invadido por algo que sempre tentei evitar ter: um verdadeiro carregamento de cliché em cima de mim. Graças a isso hoje posso-vos comprovar que não estou a mentir, e aqui deixo um relato fotográfico e «cliché» desse dia, começando por a foto do avião ainda parado no Aeroporto da Portela (Lisboa):

Chuva no Aeroporto da Portela - Lisboa
Chuva no Aeroporto da Portela – Lisboa

E acabando com umas belas bebidas e um bom sol no mesmo dia, em Amesterdão:

Sol em Amesterdão num barzito chamado Waterkant
Sol em Amesterdão num barzito chamado “Waterkant”

Ao fim de um ano vamos conhecendo cada vez melhor um novo país e as suas gentes. O inevitável acontece e por vezes damos por nós a comparar pequenas coisas do dia a dia entre Portugal e o novo sítio que nos acolhe. É quase como comparar Chaparros e Moinhos. Já dizia o nosso Marco Paulo, “tenho dois amores”, porém aqui não se trata de saber de qual se gosta mais, mas sim de viver em conformidade com os dois.

Hoje é daqueles dias que digo: “parece que foi ontem!”, mas na realidade “parece que está a ser hoje!”.

Até ao próximo post!